a insônia tem sabor – Poema

a insônia tem sabor

a insônia tem sabor
de sonhos ainda não começados
na iminência de se realizarem
mas impedidos pelo ruído estridente
do maquinário cerebral

sonhos que nunca verão a luz do dia
tampouco a luz do sono
oriundos de uma mente frágil e inquieta
incapaz de ter um pensamento
[quem me dera um pesadelo!]
para que uma fagulha de vida
nascesse em minhas entranhas

a insônia tem sabor de mágoa
uma cachoeira de lágrimas salgadas
que flui pelas correntezas do arrependimento
eternos erros passados
e infinitas certezas de falhas no futuro

a mais completa certeza do erro
é pensada de maneiras infindáveis
na cama de um lado para o outro
do outro para o lado
certeza da decepção cometida
minha mente com sono
oficina de insegurança

a insônia tem sabor de morte
uma morte da esperança
esperança de talvez acordar cedo para um novo dia
tem sabor podre da morte
que se esconde sob minha pele
deste meu corpo que dorme até cinco da tarde
[em uma terça feira comum]

a insônia tem sabor
agora, de tanto pensar em sabores
além de cansado e irritado
estou com fome

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