a criança acorda de mais uma noite de sono decide finalmente ser o algoz. uma pedra escolhida a dedo por ser uma pedra qualquer ela arremessa a pedra como se alcançasse algo mas a pedra não quica no rio afunda
levada pelas correntezas a pedra não lutou contra o menino arrastada por todo o leito fluvial atingindo diversos peixes mas sem tocar nenhum
a pedra conhece todos os oceanos, todos os leitos, todo a predação tantas oportunidades de metamorfose se tornar bauxita, rubi, topázio participar de aneis, armaduras, parafusos mas ela permanece sendo arrastada sem questionar sem desviar sem tentar mesmo contemplando o ardor das rochas magmáticas as esculturas criadas do mármore até mesmo a velocidade do silício
uma massa solta indiferente à fundição que a espera a pedra quer ser escolhida em paz sem sedimentar sua existência até virar mais uma pedra
não vou, não sou, eu quero quero ser arremessado um Geworfenheit afundando até morrer
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